Dragon Age: The Veilguard, e a destruição de uma franquia
- Griffith Souls
- 24 de dez. de 2024
- 21 min de leitura
Atualizado: 16 de fev.
“As pessoas que faziam os games que você gostava não estão mais lá, essa é outra Bioware”

Essa análise não possui spoilers de Dragon Age: The Veilguard (porém irá conter possíveis spoilers de Dragon Origins, e Inquisition)
Plataforma jogada: STEAM
Escrito por: Griffith criador da Dungeon Bits
O que é Dragon Age: The Veilguard?
“Dragon Age: The Veilguard é um retorno triunfante a forma de um dos developers mais amados da indústria dos games…”
BRINCADEIRA!! AQUI É ANÁLISE SÉRIA E SINCERA! NÃO TEMOS RABO PRESO COM NINGUÉM, ENTÃO BORA LÁ MEUS CAMPONESES!


O que é Dragon Age: The Veilguard?
Dragon Age: The Veilguard é um RPG de ação desenvolvido pela BioWare e publicado pela Electronic Arts. Em Veilguard, você será Rook e precisará liderar um grupo de “renegados” para formar a Guarda do Véu e caçar Solas, o lendário Dread Wolf, que agora busca enfrentar os deuses. Para isso, ele está disposto a devastar todos em seu caminho com seus poderosos rituais. Você contará com a ajuda da Inquisição, de várias facções diferentes e descobrirá muitos segredos sobre esse universo incrível e rico que é Dragon Age.

História
Veilguard se passa após os acontecimentos de Dragon Age: Inquisition. O objetivo é impedir Solas, que agora está obcecado por poder e tenta destruir os deuses em uma vingança alucinada. O rapaz careca basicamente está devastando tudo em seu caminho, e nós precisamos detê-lo. Criamos nosso personagem, chamado Rook, e nos tornamos líderes da Veilguard. Ao longo da jornada, reunimos alguns companheiros que nos acompanham na caçada. Não vou contar mais do que isso para não estragar a experiência de quem ainda não jogou, mas o que posso dizer é que, se você pretende jogar, é bom ter paciência. O ponto forte da franquia sempre foi a narrativa e as escolhas, mas aqui, infelizmente, a história é fraca e bastante cansativa na maior parte do jogo. Contudo, após a décima parte, a trama finalmente engrena e fica interessante — parece até que os desenvolvedores se lembraram em qual franquia estavam trabalhando.

Jogabilidade e Mecânicas de jogo
A jogabilidade do jogo é fantástica. Temos várias habilidades para usar, que podem ser combinadas com as de nossos companheiros. Existem habilidades de gelo, fogo, veneno, necromancia, e os controles são bem simples e intuitivos. Só tive alguns problemas com a barra de habilidades dos companheiros: podemos usar uma habilidade por vez de cada aliado, mas ela possui um tempo de recarga bem grande. Além disso, ao usá-la, ficamos impedidos de acessar as demais habilidades. Por exemplo, se nosso companheiro tem três habilidades na aba de habilidades, só podemos usar uma por vez, e o tempo de recarga dela afeta as outras habilidades também. Esse é o único ponto negativo para mim. Joguei como Rogue, e foi muito divertido — derrotei todos os inimigos sem qualquer problema. Podemos evoluir nossas armas e armaduras com itens que encontramos pelo cenário. Também há uma quantidade de itens para recuperar nossa saúde, mas dificilmente será necessário usá-los com frequência, já que as mecânicas de esquiva são bastante úteis e a movimentação é bem elaborada. Já os inimigos têm ataques básicos e são fáceis de enfrentar. O único que me deu um pouco de trabalho foi um dragão.

Temos vários vendedores pelos locais por onde passamos, e eles nos oferecem materiais para diversas melhorias em equipamentos e até roupas casuais para usarmos em nossa base de operações (Lighthouse). Além disso, há o famoso transmog, que permite mudar a aparência das armaduras sem alterar seus status. Falando em Lighthouse, é lá onde conversamos com nossos companheiros, mudamos nossa aparência e usamos como base de operações — dá até para customizar alguns elementos do ambiente.

Os cenários são bem feitos e muito interessantes, com uma direção de arte linda. Achei que os locais por onde passamos são mais compactos, mas contam com alguns itens escondidos e vários enigmas para resolver. No início, não gostei, mas depois de algumas horas passei a entender como funcionam. Após passarmos por um local nas missões principais, podemos retornar a esses mesmos locais para realizar missões secundárias e desvendar alguns mistérios. Sério, há muitos cenários incríveis; é impressionante o quanto esses desenvolvedores se dedicaram a criá-los. Nas cidades, os ambientes são bem vivos. Não há muitas interações, mas isso não é o foco e não afeta negativamente a experiência, pelo contrário, só tenho elogios.
Um detalhe que me incomoda é que, por algum motivo, todos os personagens parecem anões. A arte escolhida para o jogo é um pouco estranha para mim; fico em dúvida se gosto ou não. Em alguns momentos, eu gosto, em outros, eu detesto. Além disso, a mudança na aparência dos inimigos Darkspawn traz um tom mais cartunesco do que nunca. Já na época de Dragon Age: Inquisition, muita gente reclamava do mesmo problema.

Companheiros escritos de forma patética e Diálogos mal escritos
Algo que realmente não gostei tanto foram os companheiros em Veilguard. Temos vários companheiros, mas não sei como são os romances no jogo, pois preferi não me envolver com nenhum deles. Pelo que vi, é bem fácil iniciar um romance: basta clicar na opção com o ícone de coração nos diálogos sempre que aparecer, e pronto, você terá seu namorado ou namorada sem muito esforço.

Detestei a falta de personalidade da maioria dos companheiros. Na franquia Dragon Age, é comum termos várias opções de diálogo, com um padrão simples: uma opção mais positiva, outra brincalhona e uma mais séria, com um tom mais negativo. Porém, neste jogo, essas escolhas não fazem diferença alguma na grande maioria das vezes. Em várias ocasiões, tentei ser rude, como faço em outros RPGs, mas nada do que escolho faz sentido. A resposta do meu personagem não condiz com a opção que selecionei: tento xingar um NPC, mas meu personagem se recusa, sempre sendo educado e evitando conflitos a todo custo. Parece que quem escreveu os diálogos tem medo extremo de brigas, como se tivesse um trauma muito sério na vida.

Vi um comentário de um youtuber famoso dizendo que quem escreveu a história deste Dragon Age devia ter o setor de Recursos Humanos batendo à porta, vigiando o trabalho, pois não há ofensas no jogo. Na verdade, tem algumas, mas são casos raros. A impressão é que o jogo foi feito pela Disney. Não chega a ser tão ruim quanto Star Wars: Outlaws em termos de diálogos, mas também não está nada bom.

Gostei de poucos companheiros, mas, sinceramente, isso depende da experiência de cada um e do que você considera legal e coeso em uma história. Esse jogo é extremamente divisivo, e o público parece não chegar a uma conclusão sobre se ele é bom ou ruim. Independente da quantidade de problemas que o jogo tem nas conversas entre NPCs, sempre haverá alguém que goste. Existem vários vídeos circulando na internet zoando com algumas conversas totalmente bizarras; um NPC diz uma frase, e o outro responde com algo aleatório, parecendo até que é só para “encher linguiça”.
Não vou escrever aqui muitos exemplos, pois eles se referem a missões secundárias e podem revelar informações sobre certos personagens. A única coisa que direi é: pesquisem o diálogo sobre a fruta e vão entender, se isso fosse em um seriado da Netflix ele com certeza seria cancelado quando a temporada acabasse, porque parece duas I.A. conversando no ChatGPT, aliás, peço desculpas ao ChatGPT, ele não é ruim assim.

Criação de Personagem
A criação de personagem é um pouco estranha — todo personagem que eu tentava criar parecia um anão, o que é um problema bizarro para mim. Alguns amigos, ao assistir à transmissão, também notaram que todos parecem ser bem baixos no jogo. Além disso, o estilo da arte me lembra um pouco o de Shrek. No começo, eu gostei da minha personagem, mas é estranho ver as interações depois, com as expressões faciais meio tortas. Enfim, temos algumas opções de customização, mas achei difícil criar um personagem realmente legal. Vi muitos personagens na minha timeline do X e, infelizmente, todos são feios de doer. Inclusive, acho que esse jogo está no mesmo nível de Dark Souls nesse aspecto. Se você conseguir criar a si mesmo nesse jogo, tenho uma péssima notícia para te dar…

Otimização
Alguns amigos reclamaram da performance do game, eu tive poucos problemas com o isso, em raros casos tive drops de frames, mas também tenho um PC muito forte e joguei com todas as configurações praticamente no máximo e até cheguei a compartilhar alguns trechos de gameplay no discord e ainda assim tudo ocorreu bem.

Opiniões, críticas e comparações
O motivo de eu não ter gostado tanto do jogo é bem simples: qual é o principal propósito de um RPG? É simples, RPG significa “Role Playing Game”, e essa função parece estar ausente em grande parte do jogo, já que muitas das escolhas que fazemos não têm impacto real. Em várias ocasiões, temos 5 ou 6 opções de diálogo na tela, mas todas levam ao mesmo desfecho, ou são escritas de forma tão preguiçosa que parecem apontar para isso.
“Caso você entenda inglês, aqui está uma diferença bem interessante entre o humor do Origins e Veilguard”
Além disso, o jogo está custando mais de 300 reais. Se eu pago tudo isso por um jogo, espero algo de extrema qualidade. Não existe essa de “caridade” para empresas gigantes. Veilguard está em produção desde 2015, o que significa tempo mais do que suficiente para revisar erros, ponderar escolhas e, principalmente, tentar deixar a história mais interessante. Claro, a história é subjetiva — qualquer um pode gostar ou não. No entanto, em grande parte do jogo, achei a narrativa fraca e lenta, com muitos acontecimentos “acabando em pizza” e sem ser levados a sério.
“Caso fale inglês, aqui está outra diferença em como você insulta alguém no Origins e Veilguard”
Contudo, isso muda completamente na décima parte do jogo. Ali, chegamos ao ápice, com a história culminando em seu ponto mais decisivo, e todos se juntam para derrotar os vilões. De início, fiquei chateado ao notar uma semelhança com o padrão “Marvel”, algo sem sal e genérico. Mas, rapidamente, tudo mudou…

De repente, havia muita ação e, dentro dos últimos quatro atos, a coisa mudou da água para o vinho. Personagens importantes começaram a morrer, minhas escolhas começaram a ter peso, vidas foram perdidas, o custo da batalha se tornava cada vez mais alto, e quanto mais eu avançava através dos inimigos, mais as coisas pareciam estar perdidas. Eu amei os últimos atos. Gostaria muito de falar dos acontecimentos, dos inimigos que enfrentei, dos companheiros que perdi. Foi tão surreal! Nada, durante todas as horas de jogatina que eu tive no game até esse momento em específico, ia fazer com que eu achasse que as coisas ficariam tão insanas no seu final. Amei esse final e realmente me veio o pensamento de que Dragon Age ainda vive. O tenso é que muita gente está torcendo para Veilguard ir bem pois querem um novo Mass Effect, é, se for feito pelo mesmo time de Veilguard, eu tenho uma péssima notícia pra te dar…

Vou evitar ao máximo para não dar spoilers de Veilguard. O final do game foi sensacional e, como eu disse antes, parece que a Bioware ressuscitou por algumas horas e se lembrou da capacidade que tem de contar histórias, de arriscar, de encantar e de causar emoções no jogador. Eu tive uma falta de interesse durante todo o game; até evitei fazer muitas sidequests por achá-las monótonas, mas, nesse fim de game, tudo mudou. Eu não conseguia piscar. Por um momento, tive flashbacks das batalhas atemporais no Dragon Age: Origins entre Grey Wardens e os vários reinos contra os temidos Darkspawns ou da Inquisição se reerguendo das cinzas após várias derrotas devastadoras para as forças de Corypheus (vilão do game).

Eu me lembrei de uma das missões mais icônicas e marcantes da minha vida em um game, a missão é do Dragon Age: Inquisition e se chama “Em vossos corações queimará”. Nela, tudo que temos é tirado de nós. É um golpe forte, uma derrota colossal, porém a esperança não é abandonada, mesmo quando todo o resto é perdido. Isso é Dragon Age, isso é uma história incrível, isso é arriscar, é agredir o jogador, sacudir seu mundo, despedaçar as esperanças e, aos poucos, reconstruí-las.

O motivo de eu pegar tanto no pé de Dragon Age: The Veil Guard em relação a escolhas é porque isso é um fator crucial em Dragon Age, e sempre foi! Eu sempre fazia escolhas malignas no Origins, por exemplo, e o Alistair sempre me dava um sermão e, em alguns casos, quase ameaçava me bater, enquanto a Morrigan não ligava tanto. Gostaria de citar um exemplo disso: em um certo momento da história, precisei decidir se salvava a vida de um príncipe ou não, e o que rolou foi que eu decidi sacrificar a mãe dele para poder salvá-lo. O Alistair ficou irado com a minha escolha e, mesmo eu tentando me justificar, ele não aceitou bem o que eu fiz e rolou uma discussão pesada a respeito disso. Isso não rola em Veil Guard. Inclusive, esse é outro ponto no qual eu acredito que Veil Guard falha miseravelmente.

Temos conversas entre nossos companheiros durante a jogatina, mas não se comparam aos diálogos do Origins. Nunca me esqueço de todas as vezes que a Morrigan se pegava no tapa com o Alistair. Imagino um templário e uma bruxa juntos no mundo de Dragon Age. É claro que ia dar merda.

Se você jogou os três primeiros games, sabe da ambientação dos mesmos. O racismo é presente, as pessoas se odeiam, existe discriminação. As classes e backgrounds dos personagens têm peso na história e importância no rumo do game. Um templário vai tratar mal um mago, um usuário de Blood Magic vai ser caçado, e por aí vai. Nada disso parece estar presente em Veil Guard. Parece que o mundo de Dragon Age perdeu sua identidade. É bizarro olhar para um mundo medieval, mesmo que fantasioso, e ver que tudo é muito bonzinho e que todos se respeitam. É impossível isso entrar na minha cabeça. Tem um momento em que eu estava passeando por um mercado nas horas iniciais do game e tinha uma vendedora toda feliz, literalmente falando: “todas as culturas são legais, e todas têm algo especial”. Claro que isso é verdade no nosso mundo real, mas, dentro do game e supostamente em uma civilização não tão evoluída (e sendo baseado em uma possível era das trevas), a pressuposição é de que algo assim não é a lógica. Essas coisas matam um pouco a imersão do game para mim.

Outro exemplo é no começo do Origins, quando você vai fazer o teste para se tornar um Grey Warden. Tudo é tenso, e você é avisado de que pode morrer ao beber o que, se não me engano, seria sangue de Darkspawn. Um dos membros iniciantes do ritual acaba morrendo no primeiro gole que toma do cálice, o outro tenta fugir e é morto pelos Grey Wardens no mesmo instante, e nós sobrevivemos. Dragon Age era um “Dark Fantasy” no seu início; hoje em dia, é uma história para toda a família. Infelizmente, acredito que não sou mais o público-alvo de uma das franquias que tanto amei. Dragon Age: Inquisition, por exemplo, foi o game da minha vida por muito tempo, até eu conhecer The Witcher na ocasião, e já no Inquisition tivemos mudanças bruscas na ambientação e tom do game, mas ainda assim tinhamos escolhas incríveis e consequências sinistras, fora que lá você é o Inquisitor, você tinha muitas vidas na palma da sua mão, e com seu poder você era visto com medo ou reverência podendo até usar seu poder para se auto proclamar um deus e usar a fé das pessoas para tirar vantagem, e os paralelos com temas bíblicos são muitos… Um messias, 12 discípulos, um traidor, uma legião de seguidores se formando após vários milagres, independente dos problemas, Inquisition é um game a frente do seu tempo, é disso que eu sinto falta aqui no Veilguard, não é atoa que ele mereceu o prêmio de jogo do ano em 2014, é tanta ambição que não da para acreditar.

Eu queria que Dragon Age: The Veilguard fosse bom para mim. Eu sabia das críticas, já havia lido informações de insiders, beta testers, e sempre digo e repito: é sempre bom jogar e tirar suas próprias conclusões. Veilguard é um game extremamente polêmico e bem divisivo. Eu o descrevo como um game de aventura cartunesco, com uma história estilo Guardiões da Galáxia, e o estilo de arte me faz pensar em Shrek. Esforcei-me para criar um personagem bonito, postei no Twitter e um dos primeiros comentários foi “parece o príncipe do Shrek”. Caso você realmente não saiba quem é, aí está uma foto do meliante:

O maior problema para mim é a perda da identidade de Dragon Age. Fiquei com a impressão de que ele tenta apelar para um público geral, assim como muitos outros produtos de entretenimento, principalmente a galera do cinema. Antes, era uma franquia de Dark Fantasy, focada em uma história madura, com muita violência, escolhas com consequências duras; agora, é mais cômico, com companheiros discutindo sobre a forma como se vestem ou como um café está ferindo sentimentos em outros membros da party. Claro que é uma questão de opinião e, principalmente, de gosto. Afinal, volto a reiterar novamente: para você decidir se Dragon Age: The Veilguard é bom ou ruim, vai precisar jogá-lo. Não tem outra forma. A única coisa que posso dizer com certeza é que, durante os momentos finais, ele é, sim, um ótimo Dragon Age, mas, durante a maior parte, ele é apenas um jogo de aventura bobo que não sabe para onde está indo, temos humor também nos outros Dragon Age, mas lá é possível dar umas risadas, já no Veilguard da vontade de chorar com os personagens que parecem estar falando com crianças de doze anos de idade.

Eu sempre amei Dragon Age. Mesmo quando tinha um computador horrível, jogava o Origins em minha cópia pirata. Eu não tinha dinheiro para comprar a versão original na época, nem o conhecimento que tenho hoje em inglês, mas foi uma das experiências mais marcantes que já tive. Todas as escolhas que eu fiz foram pesadas no final do game, e eu vi o caos se instalar. Já no Inquisition, eu consegui comprar no lançamento na Origins, antigo app da EA. Na época, paguei 125 reais. Muita gente riu de mim por achar o game caro. Eu joguei e amei, e ainda o game se tornaria o GOTY na ocasião.
Eu comprei o Dragon Age: Origins, o Dragon Age 2 também, que é o que menos gosto, mas ainda assim tenho carinho, e o Inquisition também, todos em mídia física para o PS3. Também tenho os games da franquia na Steam como agradecimento pelas incríveis memórias e enorme nostalgia que tenho dessa época incrível. E ainda pretendo comprar a versão em mídia física do PlayStation 5 do Veilguard pois amo essa franquia, mesmo não sendo fã desse game em específico.

Polêmicas desnecessárias e D.E.I.
Sobre essas questões “woke”, pronome neutro e tudo mais, para mim não importa tanto. Dragon Age sempre envolveu inclusão de alguma forma, seja no Dragon Age: Origins ou no Inquisition, tanto faz. Sempre houve inclusão e os devs tocaram nesses temas, e o mesmo problema, ou ao menos parecido, ocorreu em 2014 com o lançamento de Dragon Age: Inquisition. O game sofreu muito hate devido aos romances gays e alguns deles serem trancados caso você fosse homem ou mulher. Lembro-me até hoje das discussões na internet, então não é algo novo na franquia. Como disse, não irei comentar a respeito disso; só digo que talvez, se esses temas fossem tratados de uma forma mais inteligente e interativa para com os jogadores, a recepção não fosse tão brutal como está sendo, com essa palhaçada de review bomb e reembolso de sacanagem na Steam, apesar de concordar com muitas das críticas e achar que o pessoal tem o direito de reclamar, eu ainda acho que estão indo um pouco longe demais.

A Bioware sempre tocou nesses temas sem medo, a diferença é o nível de escrita e criatividade entre as gerações presentes na empresa. Inclusive, tem vários clipes fora de contexto que ficam rolando na internet e a intenção é zombar do game com essas questões. E como eu disse, o pessoal teve uns 10 anos para pensar em como colocar essas questões no game. É óbvio que muitos jogadores iriam reclamar de qualquer forma, mas se fosse algo bem pensado, talvez isso tivesse sido amenizado, mas eu disse publicamente no meu perfil do X: Não tem impacto algum no desempenho do game, e ninguém te força a nada, eu terminei o Veilguard e não vi praticamente nada disso, o que me leva a crer que para chegar nesses diálogos você precisa literalmente seguir com as sidequests e interagir a ponto de saber o que está fazendo, minha única ressalva nesse assunto é o caso do espelho, que eu achei bem bizarro a forma como foi implementado no game, não vou dar detalhes do que se trata, da uma procurada na internet para saber, acho que você vai entender. O que eu quero dizer com isso é que os devs deviam ter sido mais abertos a esse assunto e não esconder esse tema dentro do game. Por que não permitir tal escolha já na criação do personagem? Ou nem colocasse de uma vez. Eles já sabiam que ia ser polêmico e até pediram para vários streamers e insiders não mencionarem o assunto até o lançamento do game.
Como disse, poderiam ter feito isso de uma forma mais criativa. Em Dark Souls 2: Scholar of the First Sin, temos um caixão que nos permite mudar de sexo, por exemplo, e ninguém reclama disso. Acho que o medo dos desenvolvedores foi tamanho que chegou a afetar a criatividade deles. Lembrando que a Bioware “OG” era destemida, metendo relacionamentos gays e o caralho a quatro em um game de 2009. Se eu não estiver falando asneiras, acredito que isso era antes do casamento gay ser legalizado em muitos lugares.
O problema não é ter inclusão de LGBT no seu game, o problema é não saber tratar essas questões de uma forma que seja mais natural para o público. É óbvio que sempre teremos um pessoal homofóbico reclamando. Temos ciência disso, infelizmente sempre acontecerá. E, por outro lado, vai ter gente que simplesmente só não tem interesse mesmo, e nesse caso está tudo bem. Mas também não acho que é motivo para gerar toda essa discussão e briga colossal que estamos vendo na internet.

Temos alguns exemplos de jogos que fizeram sucesso e fizeram uso de D.E.I.(inclusão de algum tipo de minoria) em suas I.P.s, um exemplo disso é o Warhammer 40,000: Space Marine 2. Temos um dos personagens principais sendo negro e tendo uma espécie de mão mecânica. Sabe por que ninguém pensa nisso ou reclama disso? Porque o personagem é bem escrito, a história é boa e todos os problemas entre os personagens são tratados de maneira inteligente, e satisfatória, e simplesmente todo mundo gostou. Outro exemplo é o Deadlock. Qual é o diferencial entre o game da Valve, e o Concord da Sony? A apresentação, a maneira como o game chegou ao público, preços, confiança do consumidor, e ninguém está reclamando de “lacração” nele, e claro, quase 300 reais de diferença de custo. Lembro-me de quando entrei no site da tão temível Sweet Baby Inc e a Valve era um dos principais clientes deles, e ninguém fala nada a respeito. Sabe por quê? Porque Deadlock é bom, simples assim. O que quero dizer com isso é que sempre teremos pessoas reclamando, é claro. Para mim, é algo besta, não deveria ser motivo de polêmicas, otimização, custos e uma história patética são alguns motivos legítimos para se reclamar em um game, e acho que Veilguard tem outros problemas de verdade que afetam seu desempenho. E diversidade não é um deles, e nunca deveria ser.
O único lado ruim nisso é que o fator D.E.I. é usado como escudo por uma pequena e seletiva parte dos jogadores que compraram o jogo até o presente momento, ou até mesmo por pessoas que nem sequer vão jogar, mas que defendem um jogo que eu considero medíocre a todo custo, devido ao fato de ele abordar pautas sociais. Pelo menos é essa a impressão que tenho. É como se as pessoas realmente não soubessem o que é consultoria e as ameaças bizarras que essas empresas fazem a muitos estúdios pequenos, impedindo-os de produzir o conteúdo que realmente desejam, para que tudo fique uniforme conforme os "senhores feudais" ordenam do alto de seus prédios bilionários. Se você entendeu essa última parte, então saiba que provavelmente procura informações antes de comprar as coisas cegamente, eu tiro o chapéu para você, meu caro.

O passado recente tenebroso da Bioware…
A Bioware de Baldur’s Gate e Mass Effect, que já foi uma referência na indústria, um exemplo de qualidade quando o assunto é contar histórias e criar mundos incríveis, já não existe mais. De fato, o tempo passou. É difícil de aceitar, mas acontece. Eu nunca achei que iria escrever algo assim, tão triste e de forma negativa a respeito de uma das franquias que mais amo, mas, no momento, é como me sinto. Os últimos games da Bioware, se não me falha a memória, são: Mass Effect Andromeda, um game totalmente quebrado, cheio de bugs, com expressões faciais bizarras, e que é motivo de piadas até hoje; e o outro foi Anthem. Ah, você nunca ouviu falar de Anthem? Pois é…

Admito que, com esse recente histórico patético, é cômico esperar algo de qualidade da Bioware. Mas o que manteve minhas esperanças foi o fato de que, na minha cabeça, eles precisavam acertar em Veilguard, porque três fracassos seguidos é algo bem complicado para um estúdio que precisa recuperar o carinho dos fãs. E, para mim, infelizmente, não foi dessa vez. Mas ainda existe esperança, pois, em alguns momentos de Veilguard, como já disse anteriormente, eles se lembraram que são capazes de produzir algo incrível.

O tempo passa…
Meu tipo de game se moldou ao longo dos anos e eu evoluí como pessoa. Gosto de algo próximo a Dark Souls, Baldur’s Gate, Bloodborne, Bloodlines, Silent Hill e tantos outros games que têm temas mais maduros e histórias fantásticas, que cativam minha imaginação e me fazem querer ir atrás de mais informações sobre os personagens e buscar vídeos de lore, e por aí vai. Mas, como eu disse, é questão de gosto, e acho que não sou mais o público-alvo da Bioware. Pelo tempo que esperei, pelo preço que paguei e pelo que recebi em troca, para mim, não valeu a pena no fim das contas. Mesmo com o final alucinante de Veilguard, eu me sentiria muito mal em recomendar um game que eu não gostei e vi tantos problemas. Mas é importante ressaltar que sempre é importante jogar, provar e testar para se chegar a uma conclusão sobre algo. Eu arrisquei mesmo já imaginando o que aconteceria. Vi muitos amigos falando bem e muitos falando mal de Veilguard. Mas a vida é assim, cheia de experiências, gostos diferentes, e isso é a beleza da vida. Todos temos nossas próprias opiniões e gostos diferentes.
Momento analogia aleatória…
"Quando mundos colidem - Powerman 5000"
Coloquei essa música aí porque ela brinca com a questão de quem “é a luz e quem é o Diabo?” ou seja, quem está certo e quem está errado, acho que ela combina com tema do game ser tão 8 ou 80 para as pessoas.
Nota Final: 5,5/10
Recomendo você comprar Veilguard somente em uma promoção generosa. Não tendo um grande desconto e custando 300 reais, eu não recomendaria nem para o meu pior inimigo. Os únicos motivos de eu ainda recomendar esse jogo é porque achei o combate divertido e o final foi muito bom, mas isso não compensa por tantas horas de conversas chatas e uma história mal escrita com foco em audiências modernas que parece sair de um seriado genérico da Netflix. Eu até vou ao ponto de dizer que, se não tivesse o nome “Dragon Age”, ele mal teria vendido e se tornaria outro Forspoken. Se você é um fã antigo da franquia Dragon Age, então acredito que esperar 10 anos para ter uma continuação dessa franquia e receber esse game em troca é uma sacanagem sem tamanho. E, no meu caso, só piora. Imagine que estou esperando também pelo Vampire: The Masquerade Bloodlines 2 DESDE 2005 por aí…

A respeito da Nota Final…
O mundo é gigante. Certamente, eu não sou o dono da razão. Sou apenas um cara que acabou de jogar um game e está aqui escrevendo o que pensa a respeito dele. Afinal, é sua vida, você está no controle, você decide se vale a pena ou não no final. Só vivemos uma vez, e eu te digo, dê uma chance a Dragon Age: The Veilguard. Quem sabe você pode gostar.

Considerações Finais:
História fraquíssima durante 90% da jogatina
As mecânicas de combate são muito legais e muito bem feitas, foi o combate no qual eu mais me diverti até aqui da franquia
O game tem uma trilha sonora que não faz diferença alguma, meio que tanto faz
As conversas entre os personagens são muito bestas em boa parte do game, tem muitas falhas lógicas entre elas e a escrita parece amadora, tem até vídeo na internet ensinando os developers como se faz um diálogo coeso.
Gráficos são peculiares, eu gosto em alguns momentos e detesto em outros
Direção de arte é ótima, isso eu bato palma
O final do jogo é sensacional, parece até que é outro game
Os cenários são bem fechados, limitados, mas bem feitos, graças a Deus não temos a exploração forçada de Inquisition
Dragon Age: Origins, e Dragon Age 2, não importam muito para esse game, só o Inquisition aparenta ter um peso real nele, e ainda assim muito dele é limitado aqui, pelo menos é a impressão que tive.
Todo mundo parece um anão por causa da direção artística que usaram, eu acho, ou se inspiraram muito em Shrek
Eu joguei em inglês e notei que os atores que dublaram Varric, por exemplo e outros demais companheiros são os mesmos, mas parece que a voz deles está um pouco diferente devido ao tempo passado entre os dois games, (se é que são os mesmos atores)
Não vale 300 reais nem de brincadeira, não seja louco
Muitas polêmicas com análises supostamente compradas rolando, canais especializados reclamando de promessas não cumpridas pela EA ou Bioware, é muita negatividade em cima do game, então novamente recomendo jogar por si só e tirar suas próprias conclusões.

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